Para início de conversa, é indispensável nos perguntarmos: “O que eu sei sobre este assunto? Como ele pode afetar minha vida ou de meus filhos? Eu estou preparado para lidar com isso?”. O bullying afeta milhões de meninos e meninas onde é praticado, além de parentes ou pessoas próximas que acabam convivendo com o sofrimento, especialmente quando não sabem o que fazer a respeito.
Precisamos perceber que o bullying é um problema social crítico e preocupante, muito mais sério do que se imagina. Este ocorre de maneira intencional, quando uma criança ou adolescente faz ou fala algo que prejudique um amigo ou colega, que demonstra dificuldade para se defender, que seja mais vulnerável. É um modelo de comportamento agressivo, que acontece repetidas vezes, de modo negativo e por longos períodos. Acontece geralmente em escolas e no meio social em que a criança ou adolescente está inserido, de maneira individual.
Nas fases de desenvolvimento da infância e adolescência, é saudável procurar grupos para se inserir, onde existam preferências e gostos em comum, é perceptível uma preocupação quanto a esta inserção e permanência nos mesmos. Os motivos mais comuns para exclusão dos grupos são as percepções sobre orientação sexual, raça, origem étnica, transtornos, enfim, a diferença entre “aquilo que é esperado” com “aquilo que é”. As maneiras mais utilizadas na prática do bullying são por meio de maus-tratos e humilhações, geralmente públicas.
Em sua maior parte, as vítimas permanecem caladas, intimidadas e em sofrimento. Este tipo de comportamento gera medo, angústia e dor. Muitas vezes, quem sofre o assédio, não encontra uma maneira de sair daquela situação, e teme pedir ajuda aos adultos, por não acreditar no fim das agressões. Os sinais mais comuns em quem é assediado são: ansiedade, baixo rendimento escolar, baixa auto-estima, fobia escolar, pesadelos ou insônia, sentimento de vingança, mudança nos padrões alimentares, dentre muitos outros.
O tipo de conduta de quem assedia também á fator preocupante, mostra conflitos, necessidades afetivas ou familiares mal resolvidas. Isso pode levá-lo a conseguir as coisas usando a força física, alcançar status social por meio de violência, e transferir essas condutas delituosas para o futuro, reproduzindo quando adulto os mesmos comportamentos. É preciso aprofundar o conteúdo desses problemas e solucioná-los da maneira mais eficiente possível, ainda durante a infância e adolescência.
Lembramos ainda do cyberbullying, que ocorre por meio das tecnologias de informação, ou seja, internet, celular ou qualquer outro meio de comunicação. Este é ainda um problema mais grave e mais freqüente, pois muitas vezes não há como identificar o agressor, que usa o seu alvo para fazer discriminação ou zombaria, geralmente pelas redes sociais, mensagens de celular, para que possa concluir a questão a qual se propõe.
O que então precisa fazer quem sofre bullying? Não ficar calado, pedir ajuda aos adultos, não revidar com novas provocações, cuidar com os conteúdos que são postados em redes sociais. Os pais e professores devem sempre estar atentos aos comportamentos que as crianças ou adolescentes apresentam, sendo colaboradores essenciais na prevenção e no manejo destes eventos.
Independente da forma como ocorre, em qualquer que seja a circunstância, é inaceitável permitir que se manifeste. A psicologia se preocupa em dar espaço ao diálogo, para sensibilizar a comunidade, as escolas, as famílias sobre tolerância, ensinando a perceber as diferenças e permitindo que o outro possa ser quem é, desfrutando de seus direitos, sem ser vítima de qualquer tipo de violência.
Chega de bullying, não fique calado!
Aline Castagnetti Borges
Psicóloga Clínica CRP-SC 12/14464