quarta-feira, 27 novembro, 2024
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Boto que auxilia pescadores reaparece depois de 20 anos na foz do Rio Araranguá

No movimento das águas do Rio Araranguá, que desembocam no mar, registros que não eram feitos há pelo menos 20 anos. Os botos-de-lahille, conhecidos pela interação com os pescadores artesanais de tainha, voltaram a aparecer na região. Agora, pesquisadores querem saber o que motivou esse retorno ao litoral sul de Santa Catarina.

Nos últimos anos, pelo menos cinco botos-de-lahille (Tursiops gephyreus) foram fotografados na foz do rio. Eles foram vistos primeiro pelos pescadores, que pela experiencia, já sabem como funciona a interação: toda vez que os botos pulam na água, é hora de jogar a tarrafa.

“Eu lembro que eram 10 a 15 pescadores, só esperando o boto. Ninguém pescava. Só esperando o bichinho vim. Quando o bicho vinha, a gente já tava com o saco garantido, o peixe tava garantido”, relembra Osvaldo dos Passos Vieira, hoje com 61 anos.

Botos reaparecem no sul de Santa Catarina

Com o surgimento de novos relatos a respeito do boto na barra do Rio Araranguá, o pesquisador Rodrigo Machado quis entender esse comportamento. Ele é professor do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e desde 2002 pesquisa mamíferos marinhos.

No caso de Araranguá, uma das hipóteses é que o aumento do movimento turístico, em outras regiões com botos, possa ter motivado essa migração.

“Pode ser que esses animais, de alguma forma, se afastem um pouco de lugares mais movimentados do que aqui, como por exemplo Tramandaí, Torres e Laguna. Então, eles acabam utilizando mais a zona costeira e, por consequência, chegando aqui”, explica o professor.

No verão deste ano, o biólogo Lucas Bertoncini foi quem registrou, em foto e vídeo, a interação entre botos e pescadores. Foi durante o trabalho de conclusão do curso dele, sob orientação do professor Rodrigo.

Lucas continua como pesquisador do projeto ‘Botos do Araranguá’, que é coordenado por Rodrigo, e conta com mais uma pesquisadora, aluna de graduação.

“A nossa ideia é colocar monitoramento sonoro aqui, debaixo da água, para saber quando ele entra aqui na barra, quando ele sai… Assim, a gente vai conseguir entender quando esses animais vêm do Sul ou quando eles vêm do Norte”, detalha Lucas.

Esse monitoramento pode servir também para ajudar a proteger os botos. Sabendo como eles se deslocam, é possível intensificar as campanhas de proteção, ou ainda as ações de fiscalização, para evitar o uso de rede na ponta da barra.

 

Por Lariane Cagnini/G1SC
Foto: Lucas Bertoncini

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