Para o famoso dicionário Aurélio, “Vulnerabilidade” significa fragilidade, insegurança, fraqueza, instabilidade. Para a escritora americana, Brené Brown, especialista em estudos voltados ao medo, vergonha e imperfeição, vulnerabilidade nada mais é do que “ousar aparecer e deixar que nos vejam, tendo a coragem de mostrar nossas imperfeições”.
Vivemos em uma sociedade, cuja cultura prega a ideia de que apenas pessoas mais fortes são as mais capacitadas ou aptas para assumirem quaisquer que sejam as funções sociais. Engana-se. Nem todas as pessoas que se expõe estão bem resolvidas com suas emoções, pelo contrário, algumas até são capazes de escondê-las para poderem chegar a determinados objetivos.
Mas como esta cultura influencia nossos comportamentos ou define a forma que vivemos?
Muito bem. Cada vez mais, as pessoas se esforçam para mostrar aos outros ou acreditarem elas mesmas que são suficientemente boas o tempo todo. Há um receio de nunca se sentir bom o bastante para ser aceito, amado ou notado, como se houvesse humilhação em ser apenas alguém comum. A necessidade que existe em ser importante naquilo que se faz, em ser validado o tempo todo, é confundida com o estímulo para ser extraordinário.
A Vulnerabilidade não está na competição, na vitória ou na derrota. Está na compreensão do envolvimento utilizado em ambas, na entrega do que se tem de mais pessoal, a individualidade de cada ser humano. Entende-se que as pessoas foram se constituindo para criarem vínculos umas com as outras, para se conectarem, buscarem aquilo que significa o propósito para cada um, mas também coletivamente. Do contrário, há mal-estar social e sofrimento.
Ser vulnerável é estar disposto a se entregar a experiências mais significativas, sem julgamento de certo ou errado, pois se errar não for uma opção, ouso dizer que nunca haverá motivação para o crescimento, o aprendizado ou a mudança. Ser vulnerável é aceitar que não faz sentido comparar a vida, o casamento, o trabalho, a família com os outros. A visão de perfeição é inatingível, ou acontece apenas nas telenovelas, na ficção.
Então, qual seria o sentido da Vulnerabilidade? Expor as emoções. Mesmo que nunca se tenha sido educado para isso. Vulnerabilidade é risco, é exposição. Porém, é justamente quando se está vulnerável que se aprende o sentido de amor, de coragem, de empatia, de confiança, de alegria e de outras emoções. Aprende-se a ser autêntico, a respeitar suas vontades, suas limitações, a falar sobre o que é importante para si mesmo, a tolerar a dor ou a dificuldade do outro.
Talvez ser vulnerável signifique enfrentar incertezas, medos e riscos. Um exemplo disso seria o Amor, ah, o amor nos deixa emocionalmente expostos, é incerto, mas nos oferece um retorno incrível. Outros exemplos para ficar mais fácil compreender: abrir um negócio, saber dizer “não”, expressar uma opinião, pedir ajuda, tomar decisões sobre o estado de saúde terminal de alguém próximo, ouvir a opinião de uma criança, dizer “eu te amo”, se apaixonar, esperar o resultado de uma biópsia, fazer exercícios ou falar em público, admitir que esteja errado ou com medo, pedir perdão, enfim…
Ninguém nasce com uma armadura impenetrável, ninguém é o seu medo, expressar as emoções não é sinal de fraqueza, pelo contrário, é sinal de saúde mental. Está tudo bem não ser forte o tempo todo. Estar vulnerável não significa ser fraco frente ao outro, mas se permitir criar uma relação aberta para a reciprocidade e a construção de confiança e vinculação com outras pessoas.
“Já estamos cansados de sentir medo. Nós queremos viver com ousadia” Brené Brown, no livro: A coragem de ser imperfeito – Como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é.
Aline Castagnetti Borges
Psicóloga Clínica CRP-SC 12/14464
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