Não é cortado pela Rodovia Paulino Búrigo (SC-445), tampouco pela BR-101. E não fica ao lado do Centro ou perto de limite com outros municípios. Mesmo sem ter essas características, o bairro Aurora é uma das maiores comunidades de Içara, algo que se deve a diversos fatores. Aliás, o bairro oficialmente é Aurora, mas carinhosamente ainda é chamado pelos moradores de Mineração, nome de criação e sob o qual se desenvolveu. Passado o período áureo da extração de carvão na cidade, a localidade mudou não só a denominação como também o foco do desenvolvimento econômico, consolidando-se como polo industrial.
“Faz dois meses que eu vim morar no bairro e já soube de um monte de histórias, da época da mineração, de tudo que aconteceu nesta comunidade ao longo de todos esses anos. Estou achando uma comunidade realmente interessante. As pessoas são boas e as histórias que contam é de uma comunidade que tem orgulho de tudo que fez, e de tudo que tem”, ressalta o pedreiro Gesiel Cechella.
Morador de Criciúma, antes de mudar para o Aurora, ele explica os motivos que o fizeram optar pelo bairro, mesmo sem ter parentes na localidade. “É uma comunidade grande e que tem bastante empresas, devido ao distrito industrial,. Tem escola, creche, posto de saúde, mercadinhos, enfim, tem bastante coisa. Saí de Criciúma porque precisava respirar novos ares. Sou assim: não consigo ficar muito tempo num lugar, e o Aurora me atraiu em virtude desta situação, de ter empresas e os serviços básicos para a família”, elenca.
História
Um pouco da história do bairro Aurora, assim como de outras localidades de Içara, é relatado no livro “Além dos trilhos o trem”, da escritora içarense Maria de Fátima Pavei, lançado em 2011, quando o município completou 50 anos de emancipação político-administrativa. Segundo a obra, a extração de carvão, que impulsionou a comunidade, iniciou em 1940. Até cinco anos antes, havia aproximadamente 25 famílias, uma situação bem diferente da registrada hoje.
Antes do início da mineração, a economia do bairro caracterizava-se basicamente pela agricultura. Agora, se dá pelas empresas dos mais diversos segmentos, além do comércio varejista. Foi em virtude da extração mineral que a escola Maria da Glória e Silva mudou-se para o Aurora, onde está estabelecida até os dias atuais. Anteriormente, a unidade estava instalada em Vila São José (Rua da Palha). Durante a mineração, o Colégio Cristo Rei, atualmente no Centro, também se instalou no bairro, deixando o local com o fechamento das minas.
Ainda de acordo com Fátima, a religiosidade é historicamente uma característica dos moradores. A igreja da comunidade leva o nome de Santa Bárbara, por ser a protetora dos mineiros.
Especial Jornal Gazeta