Esta etapa da vida merece atenção especial, justamente por ser de adaptação a novas rotinas e novos desafios. podemos pensar que durante boa parte da vida, as pessoas passam exercendo uma função trabalhista, que regulariza suas outras funções na sociedade, como os relacionamentos familiares por exemplo. Dentro deste contexto, a aposentadoria pode representar o rompimento de um papel que define muito da personalidade e da identidade desta pessoa, podendo se tornar uma ameaça importante a sua saúde psicológica.

O trabalho representa parte importante da qualidade de vida dos seres humanos, possibilidades de crescimento pessoal, de realizações de metas e planos, de satisfação e prazer, mesmo com todo esforço e cansaço empregados, pela utilidade que se atribui ao mesmo. tão significante quanto isso, é se preparar para enfrentar esta fase, ou seja, mesmo afastado de alguma função, saber usufruir dos direitos que foram conquistados durante todo este período.

Aposentadoria significa liberdade das obrigatoriedades com horários e rotinas, no entanto, é comum que algumas pessoas se sintam perdidas ou sem saber por onde começar essa “nova” etapa da vida. É comum neste período muitas pessoas apresentarem sintomas de depressão, sendo assim, ter uma atividade prazerosa que possa ocupar o tempo agora disponível, traz de volta a sensação de utilidade, de servir, de fazer parte de algum grupo.

A reestruturação de vida varia de acordo com o que a pessoa se identifica, segundo seus valores. neste momento, laços e vínculos geralmente são retomados, o relacionamento interpessoal passa a ficar em primeiro plano e existe mais intensidade nas novas ações, talvez pela forma madura e experiente que se alcança até aqui. E se surgirem dúvidas ou medos, para que profissionais recorrer?

A equipe multidisciplinar com certeza apresenta sua importância, desde a atenção com a saúde, com a realização de atividades para a manutenção física, como com a saúde mental. O psicólogo aparece neste contexto com a finalidade de construir lugares de encontro, sejam eles consigo mesmo, de projetar novos caminhos e maneiras de encarar novas situações, como encorajando a busca por novas metas, a partir de novas percepções. O importante é ter em mente que os limites só são conhecidos quando passamos por situações e caminhos novos, mas que nos trazem ânimo para seguir. Olhar com carinho para os “novos aposentados” e distinguir a singularidade de cada um, é papel de toda a sociedade. sejamos então, todos encorajadores, de metas, de sonhos, de busca por felicidade, independente da idade!!

Aline Castagnetti Borges

Psicóloga Clínica CRP-SC 12/14464