Em meio à rotina intensa de cuidados e desafios enfrentados pelos acompanhantes de pacientes de longa permanência, o Hospital São José de Criciúma promoveu, durante a Semana da Qualidade que ocorre de 10 a 14 de novembro, uma ação especial que levou afeto, cor e sabor à instituição. A atividade, intitulada “Amor que se transforma em cuidado”, reuniu acompanhantes para um momento de descontração e partilha, em que puderam confeitar bolachas natalinas e vivenciar uma experiência diferente do cotidiano hospitalar.
A proposta nasceu de uma reflexão feita pela equipe de Qualidade do hospital, que neste ano quis estender o tema da Semana da Qualidade para além dos colaboradores e das rotinas técnicas, alcançando também quem vive o hospital de um outro lugar, o de quem espera, acompanha, torce e sofre junto.
“Todos os anos as ações são diretamente voltadas ao colaborador, este ano, pensamos em algo voltado aos acompanhantes de pacientes internados há algum tempo. Estes acompanhantes, passam muito mais tempo aqui do que em casa, por isso, pensamos em algo que fosse um momento de acolhimento e distração da tensão que é estar com um familiar internado”, conta a enfermeira da Qualidade, Franciele Teza Costa. “Muitos não conseguem sair do quarto, não têm com quem conversar. Vivem dias longos, de muita apreensão e preocupação. Então decidimos oferecer um momento diferente, de leveza. Um instante em que eles pudessem respirar, sorrir com validação e acolhimento de suas angústias”, complementa Franciele.
E foi exatamente isso que aconteceu. Entre confeitos coloridos e aromas natalinos, o auditório do hospital se encheu de risadas, conversas e emoção. Para muitos, foi o primeiro momento fora do quarto em dias ou até semanas. O brilho nos olhos de cada participante mostrava o quanto o gesto simples fez diferença.
“Foi muito bom, porque eu amo confeitaria. Então, para mim, foi maravilhoso sair do quarto, fazer algo que eu gosto e ainda estar junto com outras pessoas. A gente vive muita tensão aqui dentro, absorve o que o paciente sente. Esse momento trouxe leveza, uma distração, uma alegria. É bom demais, parece que a gente até esquece onde está”, comenta Maria do Carmo Roque, que há mais de um mês acompanha a sogra internada.
Conversas e descontração
Enquanto decoravam as bolachas, as conversas fluíam naturalmente. Alguns dividiam histórias parecidas, outros trocavam palavras de apoio e riam juntos. O ambiente, que em outros dias é dominado pela preocupação, se transformou em um espaço de troca e humanidade.
“Foi um momento muito especial. Eu vejo isso como a bondade de Deus. Estar aqui há tantos dias cansa, e poder sair do quarto, conversar, distrair, é muito bom. A gente precisa desses momentos. É um alívio para o coração”, relata Érica Pereira Braz, que está há 12 dias acompanhando a filha internada.
Entre as participantes, uma história em especial tocou a equipe. Uma mãe, vinda de Salvador (BA), está em Criciúma acompanhando o filho, que sofreu um grave acidente. Longe de casa, ela vive há semanas dentro do hospital, dividindo o quarto com outras mães e familiares, tentando equilibrar fé, saudade e esperança.
“Sou professora de creche há oito anos e amo o que faço. Quando comecei a confeitar as bolachas, pensei nas minhas crianças. Coloquei minha alma ali, como se estivesse de volta com elas”, contou emocionada. “Aqui em Criciúma, o hospital virou a minha casa. Tenho recebido tanto carinho das equipes, médicos, enfermeiros, psicólogos, até quem serve as refeições. Essa atividade foi importante porque me fez sentir viva, acolhida. Mesmo em meio à dor, foi um momento de luz”, afirma Iolanda Carvalho dos Santos.
Ao final da oficina, os participantes levaram suas bolachas decoradas, mas segundo a enfermeira Franciele, o que permanecerá é o sentimento compartilhado de cuidado, empatia e humanidade. “O hospital é feito de pessoas que cuidam de pessoas. E, às vezes, o cuidado está justamente nesses pequenos gestos, em oferecer um instante de paz, um sorriso, um espaço de acolhimento. Isso também é qualidade”, finaliza Franciele.
