Uma ação liderada pela vice-governadora Marilisa Boehm e pela Secretaria de Estado da Assistência Social, Mulher e Família reuniu cerca de 500 servidoras e entidades ligadas às políticas públicas voltadas às mulheres para celebrar o Agosto Lilás. O evento, realizado no Centro Integrado de Cultura, em Florianópolis, teve como objetivo potencializar as participantes como multiplicadoras de todas as ações que o Governo do Estado, os poderes Judiciário e Legislativo, além da sociedade civil organizada fazem em defesa das mulheres e no enfrentamento à violência doméstica.
“Hoje ainda temos crimes contra as mulheres. Fizemos este evento para reunir as servidoras do Estado para que elas sejam multiplicadoras de informações, para que um número cada vez maior de mulheres tenham orientações, busquem as delegacias da Mulher, denunciem, e saibam que o Estado está aqui aparelhado para protegê-las”, comentou Marilisa.
Para a vice-governadora, é fundamental o debate permanente sobre o tema pois ainda existem mulheres que nem sabem que são vítimas, que não percebem as ameaças. Estratégias que são realizadas para mudar isso, como as Salas Lilás, criadas exclusivamente para as mulheres vítimas de violência, em um espaço reservado nas delegacias e o programa OAB por Elas, com advogadas e advogados orientando as mulheres sobre seus direitos, foram destacados por Marilisa. Ela citou ainda a iniciativa do governador Jorginho Mello com a criação do Pronampe Mulher, uma linha de crédito para as mulheres poderem empreender e ter sua independência financeira.
“Hoje é um dia histórico para Santa Catarina”, citou a Secretária de Estado da Assistência Social, Mulher e Família, Maria Helena Zimmermann. “Estamos aqui para dizer para essas mulheres que acreditem no governo, pois temos mulheres competentes que já coordenaram delegacias da Mulher, como a nossa vice-governadora. Para dizer que elas se sintam seguras em buscar o apoio do governo, que está preparado para recebê-las, para acolhê-las, encaminhá-las para uma casa de acolhimento e para ajudar desenvolvê-las. Temos várias políticas públicas, como vagas no mercado de trabalho, direito a um programa habitacional, prioridade no atendimento de saúde, à escola para os filhos”, explicou.
Trabalho em parceria
O procurador geral de Justiça de Santa Catarina, Fábio de Souza Trajano, comentou que defender os direitos da mulher é a bandeira de toda a sociedade. “Temos que trabalhar em parceria, as instituições públicas, as entidades não-governamentais, o Governo do Estado, o Poder Judiciário, a Universidade Federal de Santa Catarina, para que possamos diminuir o número de violência contra a mulher, que vem aumentando no Brasil nos últimos anos. As mulheres estão denunciando muito mais. Isso se deve a movimentos como estes registrados por todas as instituições no mês de agosto. Então, parabéns por essa iniciativa do Governo do Estado. E quero registrar a parceria do governador Jorginho Mello com o Ministério Público com essa política de combate à criminalidade de um modo geral”, afirmou.
A delegada e Coordenadora das Delegacias de Proteção à Criança ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMIs), Patrícia Zimmermann, que apresentou ao público orientações sobre características da violência contra as mulheres, falou também sobre um erro comum em relação às estatísticas. “Há estados que ainda não adquiriram a cultura do feminicídio, portanto acabam subnotificando os números reais, pois a morte da mulher aparecem como homicídio. Em Santa Catarina isso não ocorre porque, se a gente subnotificar, não teremos como fazer política pública para enfrentar o problema”, assegurou. Na visão dela, é essencial que as mulheres denunciem casos de agressão. “De todas as que têm feito boletim de ocorrência, que pedem medidas protetivas, que aceitam participar do Programa Polícia Civil por Elas e da Rede Catarina, com a fiscalização e acompanhamento da Polícia Militar, e que baixam o aplicativo da PMSC Cidadão, nenhuma vira estatística de feminicídio”, garantiu.
Já a desembargadora do Tribunal de Justiça de Santa Catarina e responsável pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica (Cevid), Hildemar Meneguzzi de Carvalho, apontou a prevenção como fator muito eficiente para o combate à violência. Segundo ela, todas as participantes do evento são servidoras públicas com um potencial de amplificar o assunto. Por isso, relatou a grande relevância de uma ação conjunta entre todos os atores envolvidos na busca por uma realidade nova. “Não dá mais para trabalharmos sozinhos”, esclareceu.
Na opinião da major do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina Fabiana Sebastiani Tibola, que participou do evento, o debate foi extremamente importante. “O mais importante foi a integração entre todas as servidoras estaduais, civis e militares, parar abrirmos os olhos sobre os sinais da violência. Pois a violência realmente está do nosso lado e às vezes a gente não percebe. É importante saber reconhecer os sinais e ajudar as pessoas próximas a nós. Nem todas conseguiram estar hoje aqui, mas esse tema abordado será levado para dentro de cada instituição e disseminado entre todas as demais pessoas”, concluiu.