quarta-feira, 27 novembro, 2024
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A representatividade da mulher nas eleições municipais de 2024

Por Alexandra Cavaler

 

Das oito candidaturas de Içara e Balneário Rincão, seis tem representantes femininas na corrida pelo Executivo

 

A presença de mulheres na política é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e representativa. Nos últimos anos, muitas mulheres têm se destacado em diferentes esferas políticas, desde cargos eletivos até posições de liderança em partidos e movimentos sociais.

A participação feminina na política traz diversas vantagens como a diversidade de perspectivas uma vez que as mesmas podem trazer experiências e visões diferentes sobre questões sociais, econômicas e políticas, enriquecendo o debate e a formulação de políticas públicas.

Além disso, muitas mulheres na política se dedicam a lutar por direitos que afetam diretamente a vida das mesmas, como saúde reprodutiva, igualdade salarial, combate à violência de gênero e políticas de família. Sem contar que esse exemplo serve de inspiração para meninas e jovens, mostrando que elas também podem ocupar espaços de poder e influência.

Um bom exemplo deste cenário está explícito em Içara e Balneário Rincão onde das oito candidaturas às respectivas prefeituras, seis tem mulheres na chapa. A Advogada especialista em direito eleitoral, Gabriela Schelp, fala sobre a importância desta representatividade.

“A primeira coisa que eu entendo que mudou é a possibilidade de utilização do fundo das mulheres nas campanhas majoritárias em favor do prefeito também. Isso faz com que os homens acabem procurando mulheres. Além de todo um apelo social que a gente tem hoje pela inclusão das mulheres na política, e a chapa fica bem vista com uma mulher participando na majoritária. Além do que, acaba atingindo um público que normalmente sozinho aquele homem não atingiria. Então isso faz com que procurem mais mulheres e cada vez mais nós vamos ter mulheres aí nas majoritárias”, avalia.

A especialista também analisa a situação na Região Carbonífera. Na Região Carbonífera, nas composições proporcionais, que são as chapas de vereadores, nós temos aí em torno de 34% de candidatas mulheres, sendo que, se levarmos em consideração a cota de gênero colocada pela legislação, é no mínimo 30%. Então, o que a gente vê é realmente um esforço aí para aumentar esse percentual. E claro que quanto mais oferta de mulheres nós tivermos na eleição, mais aumenta o nosso percentual de eleitas e isso é extremamente importante. Então o que começa com uma obrigação de preencher 30%, aos poucos, claro que ainda muito aos poucos, esse percentual vai aumentando. Então nós vamos vendo mais mulheres integrando as chapas femininas. até porque os partidos têm um medo absoluto de alguma mulher desistir e eles não conseguirem preencher a cota mínima de gênero. Então eles acabam buscando mais mulheres para ter essa garantia”, explicou Gabriela, colocando seu ponto de vista.

Ela também diz que é extremamente importante que os partidos mudem as suas concepções de buscar mulheres para participar das eleições, por exemplo, como candidatas, aos 45 do segundo tempo. “É extremamente importante que os partidos comecem a fazer essa mobilização muito tempo antes das eleições. Até porque uma mulher para ser candidata precisa de inúmeras outras garantias, porque ela precisa deixar o celular, ela precisa garantir que tudo em casa vai funcionar, o seu trabalho e tudo mais para poder ser candidata. Totalmente diferente de um homem. Então os partidos precisam se preparar para esse tipo de garantia, para que as mulheres se sintam confortáveis e tranquilas para participar do pleito”.

Questionada sobre como as mulheres devem proceder para ganhar ainda mais espaço, e o que ela acredita que falte para que elas tenham confiança em si mesmas e de outras mulheres para alcançarem cargos eletivos de relevância? Gabriela é direta. “Eu não penso que falte para as mulheres, por exemplo, confiança em si mesma, ou confiança de outras mulheres, essa história de que mulher não vota em mulher. O problema é que nós sempre tivemos aí de candidaturas femininas algumas viáveis realmente e que sim, se mantém há bastante tempo no poder, já estão em alguns mandatos, cumprindo alguns mandatos, mas muitas candidaturas com pouca viabilidade eleitoral. Candidaturas só para preencher percentuais de mulheres que sequer se dedicam realmente para as suas campanhas, mas que cumprem favor, como cabos eleitorais que se candidatam para as suas campanhas. Então, realmente o que nós precisamos é mudar essa sistemática partidária para que mulheres que realmente queiram se eleger, queiram se candidatar, possam ter abertura nos partidos políticos. Porque temos um grande hábito nos partidos de não deixar criar lideranças. E isso não é nem um pouco salutar, democraticamente falando, e afeta diretamente as candidaturas femininas”, ressaltou.

A advogada, especialista em direito eleitoral também acrescenta: “Não podemos mais admitir, por exemplo, as candidaturas laranja. Isso é crime! Hoje derruba todos os eleitos, derruba uma chapa inteira. Então, não podemos mais aceitar esse tipo de coisa. E se não podemos aceitar isso precisamos de candidaturas femininas com viabilidade. E aí o que falta para elas é realmente o incentivo, primeiro, das famílias, porque a gente fala muito, queremos mulheres candidatas. E se uma mulher da tua família quiser sair candidata? Será que a tua família está preparada para isso, para apoiar esse tipo de coisa? Aí a história muda de figura. A sociedade tem que estar preparada para apoiar essas mulheres e parar de julgar com histórias como a gente ouve de, ah, tu está na rua pedindo voto, não está cuidando do marido em casa, não está cuidando dos filhos, deveria estar em casa cuidando dos filhos e não está. Muito julgamento da sociedade sobre as mulheres que saem para fazer campanha, que se dedicam a um pleito eleitoral, como também a gente precisa de muita parceria dos partidos, de financiamento público para essas mulheres, de todo tipo de financiamento, em verdade, para essas mulheres. A gente não vê apoios de financiamentos privados para as candidaturas femininas. A maioria delas é financiada com verba pública, porque as pessoas ainda não apostam nas candidaturas femininas. Então, esse cenário precisa mudar. Aos poucos, as coisas vão mudando. Aos poucos, as mulheres vão conquistando esse espaço. Mas é um espaço que é conquistado a duras penas e vai levar ainda bastante tempo”, concluiu.

 

Colaboração: Jornal Gazeta

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